Vamos nos separar...

Não, não vamos nos separar no sentido legal ou afetivo. Mas, sim, vamos nos separar no sentido físico. Eu vou me mudar para o interior do Rio, ele continuará em São Paulo.

Eu sempre me acho forte, descolada, moderna, desencanada. Afinal, como diz minha vó, "vivo no mundo" desde muito cedo, fui morar em república desde os 17 anos, morei sozinha, mudei para muitas cidades...  parece que minha vida é pegar a estrada. Então, não tenho apego a algum lugar nem a necessidade da presença física dos amigos e familiares: aprendi a levá-los no coração onde quer que estivesse.

Mas às vezes é difícil saber que não vou mais acordar todos os dias ao lado do meu amor, que não iremos mais tomar café juntos e coisas do tipo. Não é a primeira vez que iremos morar em cidades diferentes por algum tempo, mas acho que dessa vez tenho sentido bem mais esse fato. Nem sei explicar o porquê. Quanto mais se aproxima a hora de eu fazer minhas malas e ir, mais fico com o coração apertado. Acredito que seja mais uma das brincadeiras da vida, mais uma coisa para contar aos mais novos quando estiver velhinha, mais um momento para aprender seja lá o que for...


E por mais que pareça louco acreditar ou mesmo explicar, vamos nos separar por amor. Amor ao outro, amor aos sonhos do outro e a seus projetos de vida. Se eu ficar ou se ele for comigo, estaremos, neste momento, abrindo mão de nossos sonhos e projetos de vida pessoais. Eu jamais exigiria isso dele, nem ele de mim. E se há algo que realmente adoro na nossa relação é esse RESPEITO À INDIVIDUALIDADE. Quando nos conhecemos cada um já trazia consigo uma história, um jeito de ser, de pensar, sonhos, ideias...  amamos demais um ao outro para exigir que o outro abandone sua essência.

Vocês podem dizer: alguém tem que ceder. Mas dessa vez  está bem difícil. Eu passei num concurso público em uma universidade federal. Era um sonho que tinha bem antes de entrar na faculdade. Não é uma oportunidade que se tem todo dia, nem que se abandone com facilidade (e por várias vezes em pensei em não ir). O Guilherme está concluindo um curso que não tem lá onde vou morar, um curso que ama, que lhe traz satisfação pessoal, que sempre quis fazer, mas o fato de ter saído de casa cedo para trabalhar lhe obrigou a adiá-lo. O que vamos fazer: esperar, dar espaço em nossas vidas ao desejo de ver o outro feliz e realizado, nos distanciar um pouco para que o outro possa dar passos mais longos e seguir os caminhos sonhados.

O que virá depois? A vida vai nos dizer com o tempo... A única certeza que tenho é que nosso amor é mútuo, maduro e forte!